O município de Brumadinho, em Minas Gerais, foi palco de mais um desastre ambiental. Depois do mar de lama deixado após o rompimento da barragem Fundão, em Mariana, no mesmo estado, outra cidade foi vítima da irresponsabilidade das mineradoras que atuam em contramão aos órgãos e instituições de fiscalização e consultoria ambiental.
No dia 25 de janeiro de 2018, a barragem do Córrego do Feijão se rompeu e a onda mortal de rejeitos minerais e lama invadiu o município de Brumadinho, deixando 165 vítimas fatais e mais de 300 desaparecidos por onde passava. O desastre comoveu o país e deu ainda mais ênfase à necessidade regulamentação e rígida fiscalização de consultorias e avaliações ambientais e de engenharia.
Em junho, um laudo de consultoria previa riscos iminentes no local do rompimento da barragem de Brumadinho. Entretanto, a Vale negligenciou os riscos trágicos e pediu autorização ao Governo do Estado de Minas Gerais, que autorizou obras no local em dezembro de 2018.
Apesar do alerta, a licença ambiental concedida pelo governo estadual permite o uso de explosivos, de retroescavadeiras para remoção de rejeitos e de caminhões de grande porte. Conforme as documentações, o desastre já estava previsto e não só foi ignorado como negligenciado.
Na análise do professor do departamento de Geografia e do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Ribeiro, o crime ambiental em Brumadinho reitera a importância do licenciamento ambiental para o Brasil. "Digamos que é o único lado positivo dessa catástrofe", comentou o docente em entrevista à Rádio Brasil Atual.