Os rejeitos de minério de ferro da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana provocaram prejuízos de 1,2 bilhão de reais ao Estado de Minas Gerais e aos 35 municípios banhados pelo Rio Doce, coberto pela lama. O valor consta de relatório divulgado neste mês pela força-tarefa montada pelo governo mineiro para apurar prejuízos causados pela tragédia e será cobrado da Samarco, que pertence à Vale e à australiana BHP Billiton. O montante não inclui danos ambientais e o pagamento de indenização a famílias.
Conforme o relatório, 320.000 pessoas foram atingidas pela tragédia, que teve 17 mortes confirmadas. Duas pessoas ainda estão desaparecidas. Este mês, está completando três meses do desabamento da represa, que vem sendo investigado por Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.O levantamento do governo do Estado levou em consideração dados entre as cidades de Mariana e Aimorés, na divisa com o Espírito Santo, onde o Rio Doce deságua. Na conta estão incluídas a reconstrução do distrito de Bento Rodrigues, destruído pela lama, a recuperação de estradas e gastos com saneamento e saúde pública feitos pelo Estado e municípios, além da paralisação de atividades comerciais, industriais e agropecuárias pela iniciativa privada. "É um valor inicial. Sempre teremos recortes semanais e mensais em que aparecerão novos gastos. O ponto final está longe de ser alcançado", afirmou o secretário estadual de Desenvolvimento Regional Política Urbana e Gestão Metropolitana, Tadeu Martins Leite.
Conforme mostra o relatório, com base em informações repassadas pelos municípios, a cadeia produtiva da região registrou prejuízos ao setor privado de 540,46 milhões de reais. As perdas foram por morte de animais e destruição de lavouras, pastagens, máquinas e construções. Os prejuízos públicos totalizaram cerca de 146 milhões de reais, principalmente com a prestação de serviços como abastecimento de água, que ficou prejudicado com a lama no Rio Doce. Em relação à infraestrutura pública, a lama da Samarco consumiu 513,75 milhões de reais com a destruição de estradas, postos de saúde, escolas, e comunidades, total ou parcialmente, como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana.
Segundo o secretário Tadeu Leite, o próximo passo será negociar com a Samarco o ressarcimento dos danos. Na avaliação do Estado, o 1,2 bilhão de reais poderá ser cobrado como parte do processo de 20 bilhões de reais movida pela União e os governos de Minas e Espírito Santo contra Samarco, Vale e BHP. A ação previa o depósito inicial de 2 bilhões de reais pelas empresas. Ontem, no entanto, a Samarco pediu a suspensão do processo. A justificativa apresentada à Justiça é de que as negociações ainda estão ocorrendo e que precisam de mais tempo para conclusão.
Para o advogado-geral do Estado de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Júnior, que participou nesta quinta da reunião da força-tarefa para divulgação do relatório sobre os danos provocados pela lama da Samarco, é preciso definir a questão judicial entre o poder público e as empresas. "Se não houver um acordo rápido, que se faça o depósito", disse. Não há prazo para que a Justiça decida sobre a suspensão do processo.
Em nota, a Samarco afirmou que vem dialogando com o governo de Minas um acordo envolvendo União e o Estado do Espírito Santo.
Fonte: www.brasil.estadao.com.br